quinta-feira, 15 de abril de 2010


PONTE FELICIANO SODRÉ


A travessia do Canal do Itajuru já era um problema no tempo dos tupinambás, que realizavam a pé pelo Baixo Grande, quando estavam em expedição por terra. No Século XVII o bairro da Passagem foi o único núcleo primordial do povoamento de Cabo Frio, e sua denominação indica que aí estava localizado um “portinho” para a travessia do canal. Ainda neste século criou-se o novo centro urbano nas imediações da atual Praça Porto Rocha.
No século XVIII, a área rural da capitania de Cabo Frio alcança grandes safras agrícolas. Neste contexto, surge o Porto do Carro, situado na ,margem do canal, na atual divisa com o município de São Pedro da Aldeia. Mercadorias e passageiros chegam em carros-de-boi e são embarcados no local com destino à cidade. No século seguinte, D. Pedro II ainda utiliza este acesso, quando visita Cabo Frio em 1847. Surge também, no século XIX, a barca de passagem que atuava na garganta do Itajurú. Mas, com o desenvolvimento da indústria salineira, faz-se necessário a travessia permanente do canal e em 7 de julho de 1898, graças ao empenho do Presidente da Câmara Municipal, Jonas Garcia da Rosa Terra, que mantinha estreitas relações políticas no Rio de Janeiro, como também aos esforços do farmacêutico Porto Rocha, inaugura-se a ponte de ferro, construída por operários espanhóis, entre o Morro da Guia e do Telégrafo, que desaba em 1920.
Em 1923, o jornal cabofriense “O Industrial”, revela o desespero da comunidade, ao solicitar entre outras medidas progressistas uma “ponte de pau” ao Dr. Viçoso Jardim, Secretário Geral do Governo Federal, que visitava a cidade. No mesmo ano o Ministério da Viação manda uma comissão de estudo sobre a ponte e a firma Christian e Nielsem, especializada em construções de cimento armado, também envia o engenheiro Sebastiany para estudar o projeto.
Anastácio Novellino, eleito governador do município de 1924 até 31/12/1926, em 1925 comparece a 1a. sessão da Câmara e denuncia que o Presidente do Estado do Rio de Janeiro Dr. Feliciano Sodré, prometeu lhe o início da construção da ponte para janeiro de 1925, como também, da estrada Cabo Frio - São Pedro da Aldeia, mas, ao contrário, ordenara a retirada de todo o material da obra que já se encontrava em Cabo Frio – marcando o início da crise política. As relações entre Estado e o Município se deterioram até a inconciliação que culmina na cassação do mandato do Prefeito pela Assembléia Legislativa Estadual em novembro de 1926.
O material é recolocado e reiniciam-se as obras. No dia 14 de julho de 1926 chega a Comitiva Estadual em Cabo Frio e inaugura a ponte que leva o nome do Presidente do Estado, e entrega a Estrada de rodagem Cabo Frio – São Pedro da Aldeia. A passagem de veículos era em uma única direção por vez, suportando o peso de até 6 toneladas. Era o maior vão livre do Brasil na época.
Durante quase meio século, a velha ponte serviu a comunidade e foi a única entrada da cidade. Com a implantação da Álcalis no Arraial do Cabo, construiu-se uma ponte no Baixo Grande.
Nos anos 60 e 70, o grande desenvolvimento do turismo transformou a passagem urbana de Cabo Frio, aumentando o fluxo de veículos entre as duas margens do canal, e assim, provocando colossais engarrafamento de trânsito nas imediações da ponte.
Em 1981, a ponte foi duplicada para a melhoria do trânsito na cidade, principalmente no verão, sem que, com isso, a mesma sofresse qualquer alteração em sua arquitetura.

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