quinta-feira, 15 de abril de 2010


IGREJA DE SÃO BENEDITO - LARGO DA PASSAGEM


Ao chegar em Cabo Frio em 1616, Estevão Gomes dirigiu-se à fortaleza de Santo Inácio para assumir o comando e passar a tropa em revista. Provavelmente, dirigiu-se em seguida para o local onde pretendia dar início à Cidade de Nossa Senhora da Assunção de Cabo Frio, como está designada na primeira carta de Sesmaria doada a Generosa Salgado, no ano de 1616.
A localização do sítio da nova povoação portuguesa, no bairro da Passagem, está apontada na petição da segunda Sesmaria solicitada pelo Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro, em 1617. O padre reitor justifica o pedido de terras, pela urgência que o Rei de Portugal tem nesta povoação. Pedem que o limite da sesmaria seja considerado a partir de “esteiro defronte da camboa que está defronte a cidade”. O único “esteiro”, existente no Itajurú, localiza-se na 1a. seção do canal. A “camboa” ou “apicú”, cujo significado em tupi é local arenoso e baixo, coberto pelas águas das marés, é identificado na “Planta da cidade de Cabo Frio”, desenhada em 1788 e que se encontrava na mapoteca do Serviço Geográfico do Exército, como aponta na margem continental onde está localizado o Hotel Porto Veleiro.
No mapa “Terra de Cabo Frio” (anônimo, 1625), perto do antigo porto do séc. XVI, lê-se a palavra “pouasam”, isto é, povoação, disposta paralelamente à margem da restinga da 1a. seção.
O sítio da cidade está situado em frente à segunda enseada dos terrenos continentais, contada a partir da boca da barra da lagoa, o que significa estar “defronte da camboa”, onde hoje se localizam as Salinas Peroanas, na margem continental do canal, em frente ao bairro da Passagem.
Com o deslocamento do centro urbano de Cabo Frio, para a atual praça Porto Rocha, em cerca de 1660, o bairro da Passagem, provavelmente passou a ser habitado por pescadores interessados na pesca oceânica, em função da proximidade do porto na boca da barra. A confirmação desta hipótese nos é dada através de levantamento oral, que alega que o núcleo da Passagem foi caracterizando-se como um largo de pequenas casas onde moravam basicamente pescadores, já no século XIX e XX. A razão do nome Passagem, deve-se ao fato deste lugar ter sido o primeiro a ser usado como ponto de travessia (passagem) no Canal de Itajuru.
O Largo da Passagem, estendia-se da atual Rua Manoel Antônio Ribeiro até a Igreja de São Benedito, construída por esravos em 1761, a mando de João Botelho da Ponte. É sabido, que esses negros frequentavam o Largo, praticavam o jongo, a capoeira e se reuniam em "oração" à São Benetido, seu santo padroeiro. Também, através de informação oral, sabemos que a atual Rua Manoel Antonio Ribeiro já teve as denominações de Rua Penha e Rua Grande e, por extensão, o largo. Ali, pescadores e famílias usufruíam o espaço para estender redes de pesca, para ancorarem os barcos, realizarem manifestações populares , etc.
Deste núcleo, restaram o casario da Rua Manoel Antonio Ribeiro, a Igreja de São Bendito e o Largo (hoje reduzido).

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