quinta-feira, 15 de abril de 2010








CONJUNTO ARQUITETÔNICO DE NOSSA SENHORA DOS ANJOS, IGREJA, CEMITÉRIO DA ORDEM 3ª. E CAPELA NOSSA DE NOSSA SENHORA DA GUIA



Após a fundação da cidade de Cabo Frio em 1615, por Constantino de Meneláu, Estevão Gomes foi nomeado como 1º Capitão-Mor, com plenos poderes de doar Sesmarias a quem desejasse povoar e plantar na região.
Recebendo uma petição dos primeiros habitantes em 01 de abril de 1617, que solicitava autorização para a fundação de um Convento pelos Franciscanos, Estevão Gomes deu o seguinte despacho no mesmo dia:

“Dou aos reverendos padres os chãos que pedem os moradores na sua petição, os quais chãos lhes dou em nome de sua majestade nesta cidade da Assunção de Cabo Frio, hoje o primeiro do mês de abril de mil seiscentos e (dez e) sete anos ----- Estevão Gomes.”

Somente em abril de 1684, Frei Agostinho da Conceição, que abraçou a causa dos moradores, despachou dois irmãos sacerdotes para a região, com o objetivo de reunir material para as obras. Com o apoio de José de Barcelos Machado, rico fazendeiro, deu-se o início da construção. O acordo entre as partes era a doação anual de 35 bois, e, em troca, que fosse rezada todos os dias uma ladainha e um responso. Este legado continuou mesmo após a sua morte, até o ano de 1852.
A pedra fundamental foi colocada em 02 de agosto de 1686 e a inauguração oficial ocorreu em 13 de janeiro de 1696, com a presença do provincial Frei Cristóvão da Madre de Deus, quando deu posse ao primeiro Guardião Frei Serafino da Santa Rosa.
A Igreja possuía um altar-mor provisório para a padroeira, como também para as imagens de São José e de São Joaquim, ambas de estilo barroco, e com 1.20 m de altura; e dois altares laterais, um para a imagem de São Francisco e outro para Santo Antônio. Há ainda as imagens de Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Sant’Ana e São Luís de Tolosa. Quadrangular, com pequeno claustro no centro de onde saía um corredor aberto (varanda), o Convento, segundo o Estatuto da Fundação, abrigava 14 religiosos. Em 1730, eram 24 e, em 1765, 30, dos quais 18 sacerdotes, 8 coristas, 2 leigos e 2 donatos.
No outeiro, antigamente chamado de Tairú, vê-se a capela de Nossa Senhora da Guia, pertencente ao Convento, que foi construída em 1740, por ordem da Câmara Municipal. O botânico Augustin de Saint-Hilaire desfrutou o mais belo panorama durante suas viagens, em 1818, chegando a afirmar:

“Dele se descobre o mar e os navios que passam no oceano, onde algumas vezes sobem os religiosos por divertimento e para mostrar os penedos sulcados.”
Saint-Hilaire, 1818

A Ordem Terceira de São Francisco de Assis encontra-se anexa ao Convento. No altar-mor está a imagem de Cristo em tamanho natural e a de São Francisco recebendo suas chagas. Ao lado da Ordem, o Cemitério Franciscano.
A partir do final do século XVIII, o número de frades diminuiu. No século XIX, o último Guardião do Convento foi Frei Vitorino de Santa Felicidade, que nele permaneceu até sua morte em 1872. Desde então, o Convento entrou em processo de ruína: mobílias e livros foram destruídos. Em 1898, uma explosão no depósito de pólvora destruiu parte do Convento, por ocasião da obra da primeira ponte sobre o canal do Itajuru: a Ponte de Ferro.
No século XX, foi instalado ao lado da Capela, um Posto Meteorológico, que tinha a função de alertar os navios das condições climáticas, por sinais codificados através de bandeiras que eram hasteadas como sinalizadores em uma torre metálica de 12 metros de altura.
Em 30 de novembro de 1937, através do Decreto-Lei n° 25, o Convento, a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos e o Cruzeiro em frente, foram tombados pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Em 1950, o Convento é parcialmente restaurado pelo IPHAN. Em 1958, foram incluídos no tombamento, a Capela de Nossa Senhora da Guia, o Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, estendendo-se ao adro e toda a área atualmente livre em frente ao convento, incluindo o Largo de Santo Antônio e o Morro da Guia, com fachada de proteção na planície no entorno de 100 metros.
Em 12 de março de 1968, foi assinado um convênio entre o Arcebispo de Niterói e a então Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ministério da Educação e Cultura, para a instalação de um museu de arte religiosa e tradicional nas dependências do Convento.
O Museu foi inaugurado em 15 de dezembro de 1982, as imagens sacras foram restauradas e postas em exposição permanente. Atualmente, realizam-se no Museu, exposições de artes plásticas e fotografias, além de abrigar o Escritório Técnico da 6ª Diretoria Regional do IPHAN de Cabo Frio, Arraial do Cabo, Armação de Búzios, Iguaba Grande e Araruama.

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